quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Diários de Motocicleta

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Por Adriana Cunha - Assistênte Social e Pedagoga
A despeito da obra que relata aventuras do revolucionário Che Guevara, em sua motocicleta por ele apelidada de “La Poderosa”, vemos este ícone de liberdade juvenil de outras décadas transformar-se em um algoz para os jovens de Chapadinha.

Raros os posts semanais nos blogs que não relatam acidentes com vítimas, a maioria fatais, ocorridos em motocicletas em nossa cidade.

Alia-se um veículo potencialmente perigoso pela exposição física do condutor, à imprudência com relação à velocidade, ao uso de bebidas alcoólicas, às vias públicas mal sinalizadas ou mal conservadas, à falta de uso do capacete e, principalmente, à inconseqüência dos condutores, como causas que estão levando embora muitos dos nossos jovens. Filhos, namorados, irmãos, força de trabalho ativa, transformadores em potencial da realidade que está posta (a exemplo do “camarada” Che Guevara), estão saindo de cena precocemente sem que nada seja feito.

Mas... o que fazer?

Ora, parte-se do princípio de que a culpa é sempre dos governantes que não implementam políticas públicas sérias e eficazes contra as mazelas sociais – esse, inclusive, é o meu discurso recorrente. No entanto, aqui a análise vai mais adiante.

Não tem eficácia nenhuma a prefeitura melhorar as vias, implantar código de trânsito, colocar fiscalização nas ruas se não houver consciência dos condutores (de motos, carros e da nossa velha conhecida bicicleta).

O trânsito de nossa cidade é reflexo da educação do nosso povo. Se eu não respeito as regras de trânsito, se eu não respeito o pedestre, os sentidos das vias, os limites de velocidade, a obrigatoriedade do capacete, e principalmente se não entendo como regra de sobrevivência principal que não posso misturar bebida alcoólica com direção, não tenho mesmo como me manter vivo por muito tempo utilizando equipamentos que tem potencial destrutivo se mal utilizado.

Assim, a meu ver, é muito claro onde está a solução para esse problema. E, nesse caso, peço licença para não culpar o governo. A culpa é nossa. Temos que implantar, todos nós, o conjunto da sociedade: pais, escolas, igrejas, instituições sociais, sindicatos, imprensa, enfim, todos os atores que trabalham com transmissão de informação, uma ação massiva e contínua de educação para a vida (note que não a chamo de educação para o trânsito), porque só assim conseguiremos manter vivos os que nos são caros.

Essa educação para a vida se resume em pontos básicos que não sei onde foram esquecidos, quais sejam: as leis mais importantes do trânsito são educação e respeito para com a vida do outro e para com a minha vida. Agora, se não respeito e obedeço ao que me pede meus pais, ao código de ética que me manda respeitar o direito do outro ao silêncio, à lei do bom senso que me mostra que se eu estacionar uma motocicleta na Travessa São João Batista próximo à Droga Vida, não deixarei espaço para um carro passar, como vou entender que, se eu conduzir minha motocicleta ou meu carro, embriagado e em alta velocidade, vou morrer ou matar alguém?

Enfim, é a velha regra: se cada um fizer sua parte, cuidar de sua vida, com o zelo de quem só tem uma vida para viver, essa realidade cruel vai mudar. Afirmo.

E o que o velho Che, estampado em tantas camisetas, continue nos inspirando para lutar por mudanças sociais no nosso Município. (Tudo bem que ele não é culpado nem solução para o trânsito de Chapadinha, mas é que eu sou seu fã e lembrei o nome do filme para usar como título do texto. Permitam-me!).
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