quarta-feira, 17 de abril de 2013

Quem manipula quem?

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Quarta-Feira, 17 de abril de 2013


Terça, 16 de abril de 2013



W.F. agora virou saco de pancadas. Todos querem tirar uma casquinha dele. Acusam-no de estar vendido. Ameaçam divulgar seus contracheques. Etc. etc. etc. E tudo por quê? Primeiro, porque ele supostamente teria aderido ao governo; depois, porque resolveu criticar – ora vejam! - o próprio governo. Ou melhor: a área da saúde. 

Qual a lógica? Para a oposição, W.F. está a serviço de quem aposta num rompimento entre a prefeita e o grupo do Zazá. Haveria, portanto, motivação política nas críticas do blogueiro. Engraçado: para os oposicionistas, interesse político só existe para os outros. No caso deles, mesmo estando a serviço do coronel, trata-se apenas de mero exercício de cidadania. Não é lindo isso? Como diz Ciro Marcondes filho, “A farsa se impôs definitivamente como regra na política”. 

Já o pessoal do Zazá acha que W.F. não pode encontrar guarita na ala governista porque passou 12 anos no lado oposto. Mas também não pode criticar o governo - principalmente a saúde - porque isso atrapalha o projeto político da filha do “dono dos votos”. Conclui-se, portanto, que W.F. deve ficar no limbo do esquecimento. Nem governo, nem oposição: muito pelo contrário. Isso também não é engraçado? 

Ora, senhores, o que menos importa é saber de que lado W.F. está. Muito menos quanto ganha para fazer seu trabalho. Mais importante é saber se o que ele escreveu tem ou não fundamento. Afinal, existe ambulância em estado lastimável? O hospital está com excesso de funcionários? O que dizem os profissionais – médicos, enfermeiros e técnicos de saúde – que trabalham lá? Se os problemas forem reais, a simples divulgação do contracheque de um blogueiro não fará com que eles desapareçam, não é mesmo? 

Também não adianta justificar o fato apontando um suposto traidor do grupo. Sim, porque, nesse caso, a acusação é falsa: como é possível imputar traição a alguém depois de o próprio acusador ter se aliado a antigos adversários e entregue a Câmara à oposição? Como é possível falar de armação quando todos sabem da campanha difamatória praticada diariamente contra a prefeita em todos os cantos da cidade, e justamente por quem mais deveria defendê-la? 

A oposição, ao que tudo indica, já percebeu a fragilidade emocional e o destempero verbal de alguns integrantes do governo. Por isso aproveita essas ocasiões para jogar lenha na fogueira. O objetivo é insuflar os ânimos e tentar extrair uma declaração bombástica, capaz de se transformar num fato político de grande repercussão. O fato é que, no meio dessa “matilha de cães raivosos e assustados”, nem as pedras são inocentes. 

Há quem queira tirar proveito pessoal. Assim como há quem queira apenas preservar seu quinhão. Portanto, caro leitor, é necessário cautela. Maturidade. As críticas, por certo, sempre vão existir. É preciso saber lidar com elas. E o governo municipal é - parafraseando Elias Cannetti – "semelhante a uma fortaleza sitiada, mas sitiada de maneira dupla: ele tem um inimigo do outro lado das muralhas, e um inimigo no seu próprio porão". É preciso saber lidar com ambos. 

Ivandro Coêlho, professor e jornalista
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