Da Veja.com
Segunda-Feira, 13 de maio de 2013
Por definição, o comunismo é inimigo do capital, da propriedade
privada, da exploração do trabalho e do acúmulo de riqueza. Quando chega
ao poder, porém, essas sólidas certezas se derretem no ar. É o que
ocorre agora em Brasília.
Na semana passada, a Polícia Federal abriu um inquérito para
investigar um grupo de ex-servidores no Ministério das Cidades que
fraudou licitações e desviou recursos do Programa Minha Casa, Minha
Vida. O esquema, chefiado por um militante comunista, pode ter irrigado
os cofres do PCdoB e os bolsos de camaradas com dinheiro desviados da
casas populares. Ao melhor estilo capitalista, os militantes fundaram um
conjunto de empresas de papel para lucrar sem fazer nenhum esforço.
A partir de informações privilegiadas, eles fraudavam licitações e
ganhavam contratos com as prefeituras. Depois, cobravam propina para
repassá-los a pequenas empreiteiras, que eram subcontratadas para
construir as casas populares.
Um negócio bem tramado que não continuou
operando porque houve um desentendimento na hora de socializar a
mais-valia dos golpes.
Insatisfeito com a parte que havia recebido – cerca de R$ 1 milhão -,
um dos camaradas-sócios, segundo reportagem publicada pelo jornal O
Globo, resolveu entrar na Justiça para requerer uma fatia maior dos
lucros. A partir daí, a disputa pelo faturamento milionário – coisa de
R$ 12 milhões – acabou expondo evidências das fraudes, que ocorriam
desde 2005.
Esquema. O dinheiro, segundo depoimento de Fernando
Borges, ex-funcionário do Ministério das Cidades, sairia do antigo
Programa de Subsídio Habitacional (PSH) incorporado mais tarde pelo
Minha Casa, Minha Vida, e acabaria nos cofres do PCdoB e de seus
militantes.
A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra é citada como idealizadora
do esquema. A petista teria aberto as portas dos bancos privados para o
financiamento dos negócios do grupo. Como recompensa, ficaria com R$
200,00 de cada casa construída.
Investigação. Além do inquérito policial, o ministro
das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, abriu sindicância par apurar as
irregularidades. Procurada, a ex-ministra Erenice Guerra preferiu o
silêncio.
O envolvimento de comunistas em negócios escusos não é novidade. Em
2011, membros do partido já haviam sido apanhados desviando recursos no
Ministério do Esporte.
Criado para amparar crianças carentes, o Programa
Segundo Tempo alimentava ainda o caixa de campanha de políticos do
PCdoB. O site do partido informa que os camaradas, agora no poder, lutam
pela construção de um certo “socialismo moderno” e que vivem hoje “uma
das suas fases mais ricas”. Faz sentido.
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